Sunday, August 26, 2007

Alguns metros acima do chão...


Embora muito acima do chão, sinto-me como se estivesse em terra, como é possível alguém dizer que tem medo de andar de avião? De acordo com as estatísticas é mais seguro do que um automóvel... De certa forma, só depois de pensar nisso é que chego à conclusão de que não estou em terra, de que estou, de facto, no ar, algures por cima de França, é estranho, há vários anos atrás, se dissesse isto seria considerada louca, internavam-me, aconselhavam-me a procurar ajuda média... Agora é perfeitamente normal, como as coisas mudam... E as pessoas continuam a ser fechadas a novas ideias, embora “olhemos” para trás e pensemos “Como era possível alguém pensar desta maneira?”, também daqui a umas gerações dirão o mesmo de nós, e provavelmente será verdade...
Infelizmente a maioria das pessoas não tenta, e pior do que isso, não quer alargar os seus horizontes, ver e experimentar coisas novas... Por exemplo: muita gente mostra nojo perante a ideia de comer formigas, mas não comemos nós caracóis? Não será isto igualmente estranho e nojento? Para quem os come não é, tal como com as formigas, também não são estranhas e nojentas para os seus apreciadores...
Hoje em dia há pessoas que nem sequer tentam, parece que desistem dos sonhos antes mesmo de fazer alguma coisa por eles, depois admiram-se, lamentam-se, ficam deprimidos, dizem que a vida é injusta, justificam-se com a sorte, que não está do lado deles, com Deus, que não ouve as suas preces, com o vizinho, que nasceu com o rabo virado para a lua, enfim, desculpas e mais desculpas para a falta de atitude, para a sua própria inactividade na sociedade actual... Aquele que luta, nem que seja apenas um pouco, por aquilo em que acredita, é visto como alguém com sorte, em vez de como alguém “normal” – por muito que eu não goste da palavra: o “normal” é tão relativo como o “anormal”, que varia de indivíduo para indivíduo, de cultura para cultura, de local para local; mas infelizmente continuamos a utilizar expressões como “Aquele rapaz não é nada normal...” ou “Não se passa nada, está tudo normal”. Este “não se passa nada” é outra expressão muito mal utilizada: perguntam-nos “O que se passa?”, só alguém com grande coragem responde que se passa alguma coisa, a maioria das vezes, quase inconscientemente, dizemos: “Não é nada, está tudo bem...”, será que ninguém entende que não ter nada é ter tudo ao mesmo tempo, porque será que raramente insistem, que raramente percebem que de facto há algo que não está bem! Com alguma persuasão toda a gente acaba por falar, só é necessário algum jeito para conduzir a conversa...
Bem, talvez nem toda a gente seja capaz de fazer isto, aqueles que são capazes de ouvir, de aconselhar, de passar três horas a falar de coisa nenhuma, que não se importam de tentar ajudar alguém, que têm sempre uma palavra a dizer, (palavra esta que não tem necessariamente de ser o que a outra pessoa espera ouvir), não são assim tão comuns, talvez por isso me digam “tu devias era ser psicóloga!”, se calhar têm razão, é melhor começar a pensar numa mudança de carreira!




Friday, August 17, 2007

Inexplicável...


“Eu sou assim” – esta frase é tão utilizada hoje em dia, até faz impressão como serve de desculpa a tanta coisa, a tanta gente... Eu entendo, claro que entendo, as coisas mais fáceis chamam-nos mais, são mais “apetecíveis” do que as que dão trabalho, e é sem dúvida mais fácil admitir resignadamente que se “é assim” do que tentar mudar, porque a mudança, além de dar trabalho é difícil, custa, assusta, como estupidamente nos assusta a maior parte das coisas que desconhecemos...
Embora haja alturas na vida em que nada nos assusta, em que tudo parece perfeito, certo, incrivelmente certo... Nessas alturas dizemos estar apaixonados, porque o Amor, com A grande, é na minha modesta opinião a única “coisa” no mundo que nos faz olhar a vida de uma maneira totalmente optimista, sem medos de qualquer espécie, sem quaisquer problemas em sermos quem somos, em estarmos com quem queremos estar!
Mas hoje em dia até sobre o Amor se mente, dizemos “Eu Amo-te” mais vezes do que deveríamos, dizemo-lo sem o sentir, namoramos e até casamos sem estarmos apaixonados... Não digo que as pessoas não gostem umas das outras, longe de mim tal ideia absurda, apenas exageram no que dizem sentir, gostar muito não é o mesmo que Amar, e quem já amou, mesmo que por um instante apenas, sabe que não há comparação possível, o Amor é incomparável, indefinível, inexplicável; é simplesmente Amor!
Chamamos-lhe assim porque devido à natureza do Homem, que tenta conhecer e explicar tudo o que o rodeia, era precisa uma palavra, um termo que pudesse ser utilizado para que nos entendêssemos, sem entrar na impossível, ou pelo menos altamente difícil tarefa de o explicar na sua totalidade.
Isto sim é uma das coisas que o ser humano, como espécie, ainda não compreendeu (embora haja algumas raras excepções), há coisas que devem permanecer inexplicáveis!