Friday, December 21, 2007

Dia de Natal




Dia de Natal 

Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

É dia de pensar nos outros. coitadinhos. nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
Entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.
Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.
A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra. louvado seja o Senhor!. o que nunca tinha pensado comprado.

Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.

Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.

De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.

Ah!!!!!!!!!!

Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.

Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.

Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.

Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.

Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.

António Gedeão

Ps: aproveito o suposto espírito natalício para postar isto, escrito por um dos poetas de que mais gosto, acho que ilustra a minha opinião do natal, não seria capaz de a expressar assim, por isso, cito o poeta!

Bom Natal



Tuesday, November 27, 2007

Limite...



Limite...

No limite da consciência,
Entre o consciente e o inconsciente.
No limite da compreensão,
Entre o que se sabe e o que não se sabe.
No limite da vida,
Entre cair e voar.
No limite vivemos,
Entre o dormir e o acordar.

Limitamo-nos a nós próprios,
Tentamos compreender.
Limitamos a vida,
Quando deveríamos,
Simplesmente,
Viver.





Saturday, November 17, 2007

Uma Luz, Uma Sombra...



Uma Luz, Uma Sombra...


Uma luz, uma sombra.
Uma sombra, um contorno.
Um contorno, uma pessoa.
Uma pessoa, um olhar.
Um olhar, uma imagem.
Uma imagem, um som.
Um som, um silêncio.

No silêncio há luz.
Na luz, escuridão.
Na escuridão, medo.
No medo, coragem.
Na coragem, o Eu.
No Eu, nós.
Em nós, o mundo.
E no mundo, a luz.





Friday, November 09, 2007

Páginas em Branco...


Folhas em branco, páginas por escrever, uma vida por viver...
Cada um tem as suas, cada um é livre de as tentar preencher da melhor forma, ou de deixar que os outros o façam...
O livro nunca acaba, há sempre mais alguma coisa para escrever, há sempre mais alguma coisa para viver...

Será tudo uma ilusão? Será tudo realidade?
Talvez seja apenas uma realidade ilusória na qual ilusoriamente vivemos, talvez seja uma ilusão real, na qual realmente vivemos...

Isto não faz sentido? Achas que não faz? E depois?
E depois nada, e depois tudo, depois uma nova folha, depois uma nova página em branco pronta para ser escrita, pronta para ser vivida.






Wednesday, September 19, 2007

Forces aligning...



"Some days you wake and immediately start to worry. Nothing in particular is wrong, it's just the suspicion that forces are aligning quietly and there will be trouble."

Jenny Holzer, from _The Living Series_


Um quadro que vi na Tate Modern, em Londres. Simplesmente um rectângulo branco, esta frase, uma moldura, e uma menina do museu a impedir-me de o fotografar...



Monday, September 03, 2007

Unicamente...




Disseram-me que não sou a única pessoa no mundo a ter razão, que falo como se fosse um ser extraordinário, supremo... Enganam-se! Tenho perfeita consciência de que posso estar errada, de que não sou a única, apenas de que sou única, tal como todo o mundo o é. Sinto-me feliz, não pela verdade no que digo, mas por pensar realmente sobre alguma coisa, por dizer aquilo que penso, com o mínimo de rodeios possível, e a partir do momento em que digo o que penso, o que me vai na alma, ou no coração - como lhe quiserem chamar - será verdade, será verdade para mim; se alguém concordar comigo, se acharem que esta minha "verdade" faz sentido para eles, ainda bem, se não fizer, e forem capazes de me explicar porquê, ainda bem na mesma, talvez mude de opinião, talvez aprenda alguma coisa...
Digo, ou melhor, quase que exijo uma explicação porque é muito fácil dizer que está mal, assim como o é dizer que está bem, a maioria das respostas ao porquê são o típico "porque sim/não", respostas de quem não pensou realmente sobre o assunto, ou de quem acha uma perda de tempo tentar mostrar aos outros a sua maneira "certa" de ver o mundo, de ver a vida. Eu não concordo com isto, mas mais uma vez, é apenas a minha modesta opinião... Posso comportar-me como Rainha Suprema, como alguém que tem toda a confiança, sabedoria e poder do universo, o que é absolutamente verdade; no universo, no "meu" universo, eu sou todo-poderosa, eu e todos os outros, que como seres únicos que são, também têm o seu próprio universo, ou melhor, a sua própria maneira de olhar para ele, porque o que quer que o universo seja, não acredito que mude baseando-se apenas nas nossas contraditórias opiniões.
Cada um faz da vida o que quer, pode decidir olhar para ela com optimismo ou com pessimismo, pode dar um passeio pela floresta ou ficar em casa fechado e deprimido, cada um faz as suas próprias escolhas, cada um escolhe o seu próprio caminho, no qual, na minha modesta opinião, o objectivo é o sorriso, a absoluta felicidade.



Sunday, August 26, 2007

Alguns metros acima do chão...


Embora muito acima do chão, sinto-me como se estivesse em terra, como é possível alguém dizer que tem medo de andar de avião? De acordo com as estatísticas é mais seguro do que um automóvel... De certa forma, só depois de pensar nisso é que chego à conclusão de que não estou em terra, de que estou, de facto, no ar, algures por cima de França, é estranho, há vários anos atrás, se dissesse isto seria considerada louca, internavam-me, aconselhavam-me a procurar ajuda média... Agora é perfeitamente normal, como as coisas mudam... E as pessoas continuam a ser fechadas a novas ideias, embora “olhemos” para trás e pensemos “Como era possível alguém pensar desta maneira?”, também daqui a umas gerações dirão o mesmo de nós, e provavelmente será verdade...
Infelizmente a maioria das pessoas não tenta, e pior do que isso, não quer alargar os seus horizontes, ver e experimentar coisas novas... Por exemplo: muita gente mostra nojo perante a ideia de comer formigas, mas não comemos nós caracóis? Não será isto igualmente estranho e nojento? Para quem os come não é, tal como com as formigas, também não são estranhas e nojentas para os seus apreciadores...
Hoje em dia há pessoas que nem sequer tentam, parece que desistem dos sonhos antes mesmo de fazer alguma coisa por eles, depois admiram-se, lamentam-se, ficam deprimidos, dizem que a vida é injusta, justificam-se com a sorte, que não está do lado deles, com Deus, que não ouve as suas preces, com o vizinho, que nasceu com o rabo virado para a lua, enfim, desculpas e mais desculpas para a falta de atitude, para a sua própria inactividade na sociedade actual... Aquele que luta, nem que seja apenas um pouco, por aquilo em que acredita, é visto como alguém com sorte, em vez de como alguém “normal” – por muito que eu não goste da palavra: o “normal” é tão relativo como o “anormal”, que varia de indivíduo para indivíduo, de cultura para cultura, de local para local; mas infelizmente continuamos a utilizar expressões como “Aquele rapaz não é nada normal...” ou “Não se passa nada, está tudo normal”. Este “não se passa nada” é outra expressão muito mal utilizada: perguntam-nos “O que se passa?”, só alguém com grande coragem responde que se passa alguma coisa, a maioria das vezes, quase inconscientemente, dizemos: “Não é nada, está tudo bem...”, será que ninguém entende que não ter nada é ter tudo ao mesmo tempo, porque será que raramente insistem, que raramente percebem que de facto há algo que não está bem! Com alguma persuasão toda a gente acaba por falar, só é necessário algum jeito para conduzir a conversa...
Bem, talvez nem toda a gente seja capaz de fazer isto, aqueles que são capazes de ouvir, de aconselhar, de passar três horas a falar de coisa nenhuma, que não se importam de tentar ajudar alguém, que têm sempre uma palavra a dizer, (palavra esta que não tem necessariamente de ser o que a outra pessoa espera ouvir), não são assim tão comuns, talvez por isso me digam “tu devias era ser psicóloga!”, se calhar têm razão, é melhor começar a pensar numa mudança de carreira!




Friday, August 17, 2007

Inexplicável...


“Eu sou assim” – esta frase é tão utilizada hoje em dia, até faz impressão como serve de desculpa a tanta coisa, a tanta gente... Eu entendo, claro que entendo, as coisas mais fáceis chamam-nos mais, são mais “apetecíveis” do que as que dão trabalho, e é sem dúvida mais fácil admitir resignadamente que se “é assim” do que tentar mudar, porque a mudança, além de dar trabalho é difícil, custa, assusta, como estupidamente nos assusta a maior parte das coisas que desconhecemos...
Embora haja alturas na vida em que nada nos assusta, em que tudo parece perfeito, certo, incrivelmente certo... Nessas alturas dizemos estar apaixonados, porque o Amor, com A grande, é na minha modesta opinião a única “coisa” no mundo que nos faz olhar a vida de uma maneira totalmente optimista, sem medos de qualquer espécie, sem quaisquer problemas em sermos quem somos, em estarmos com quem queremos estar!
Mas hoje em dia até sobre o Amor se mente, dizemos “Eu Amo-te” mais vezes do que deveríamos, dizemo-lo sem o sentir, namoramos e até casamos sem estarmos apaixonados... Não digo que as pessoas não gostem umas das outras, longe de mim tal ideia absurda, apenas exageram no que dizem sentir, gostar muito não é o mesmo que Amar, e quem já amou, mesmo que por um instante apenas, sabe que não há comparação possível, o Amor é incomparável, indefinível, inexplicável; é simplesmente Amor!
Chamamos-lhe assim porque devido à natureza do Homem, que tenta conhecer e explicar tudo o que o rodeia, era precisa uma palavra, um termo que pudesse ser utilizado para que nos entendêssemos, sem entrar na impossível, ou pelo menos altamente difícil tarefa de o explicar na sua totalidade.
Isto sim é uma das coisas que o ser humano, como espécie, ainda não compreendeu (embora haja algumas raras excepções), há coisas que devem permanecer inexplicáveis!



Thursday, July 19, 2007

E tu, também foges?



Há pessoas que fogem, ou pelo menos tentam fugir dos problemas, do passado, de algo que as magoa... Mas por quanto tempo serão capazes de o fazer? Quanto tempo será possível esconderem-se delas mesmas, enterrar parte daquilo que são, fechar essas memórias, esses sentimentos, enfim, tudo isso, num canto recôndito da sua mente... Mais cedo ou mais tarde terão que olhar a vida de frente, e quanto mais tarde pior! Eu compreendo que seja difícil, que custe, que doa, mas é necessário passar por isso para recuperar, não só recuperar mas também aprender, melhorar, crescer!
Tanta gente diz “Eu não tenho coragem, não consigo nem nunca vou conseguir...”, nunca, porquê uma palavra tão forte, tão limitada; apenas esta palavra elimina a maioria das opções, melhor dizendo, todas, aparte do falhanço... Dizem não ter coragem, afirmam-no, sentem-no, e mesmo tendo consciência disso não a procuram, não tentam encontrar forças, eliminam essa possibilidade através da palavra de sempre, o “nunca”.
Este “nunca” é sinal de desespero, de algo passivo, imutável, sem nenhuma solução; ora isso não existe, “tudo muda, tudo se transforma”, nada é igual ao que foi à um segundo atrás, nem mesmo nós, como tal, o “nunca” nunca nos pode ajudar, ou melhor, raramente nos ajuda, é como matar a esperança e a possibilidade de salvação, é como matar-nos logo à partida, sem sequer tentar lutar, porque mesmo que seja uma tentativa considerada miserável, é melhor do que nada, é melhor do que desistir à partida, só porque é difícil... Até o próprio “difícil” é relativo, já foi difícil falar com alguém que está longe, agora basta um telefonema, um e-mail, um simples click, será isto difícil?
A nossa força é nossa e de mais ninguém, como tal, devemos ser nós a aprender onde a encontrar e como a utilizar, nós e mais ninguém...



Wednesday, April 11, 2007

It's Just a Start...



It's Just a Start...

I know you’re here,
Just like in my dreams,
Is it real?
Is it really what it seams?

You grab my hands…
You look at me…
With a simple kiss
You set me free.

You touch my hair…
I close my eyes…
You whisper in my ear
Poems of the night.

You talk about the moon,
You talk about the stars,
You talk about all the things
That makes us who we are.

And then the silence comes,
I swear I can hear my heart...
But our love is pure, I’m not afraid,
This is not and ending, it’s just a start…



Thursday, March 29, 2007

Sonhar




Sonhar...


É passear livremente,
É não ter medo de errar,
É viver eternamente
Algo idílico e irreal.
É acordar com um sorriso,
Com um brilho no olhar,
É saber viver a vida,
E acima de tudo...
Saber amar.





Ps: Ter um blog é novo para mim (como devem reparar pelo número de posts...), é muito raro escrever directamente no computador, confesso que sou fã do papel, da caneta e da mesa do café onde me costumo sentar a escrever, mas talvez aqui receba algumas criticas (constructivas espero) aos meus textos, é sempre bom conhecer a opinião de outras pessoas!

Outro promenor também raro (embora não se note): não costumo escrever poemas, agora que penso nisso, é mesmo muito raro escreve-los...